Origem: O Motorista em um Carro sem Motorista: como
nossas escolhas tecnológicas criarão o futuro. Vivek Wadhwa e Alex Salkever. Berrett-Koehler,
São Francisco, 2017. The Driver in the
Driverless Car (Tradução do Portal)
De volta à resenha. A escolha do livro foi
proposital. Inaugura um novo ciclo de artigos sobre antropologia tecnológica. Há muitos motivos para investigarmos o
impacto das tecnologias sobre a vida das pessoas, do ponto de vista individual
e social. O mote é sempre o mesmo, versando sobre o descompasso entre o
crescimento tecnológico exponencial e a habilidade humana de torná-lo benéfico
para toda a sociedade. E a metáfora escolhida pelo autor não poderia ser melhor:
o surgimento dos carros autônomos.
Um carro sem motorista pode desafiar muitos conceitos
existentes sobre a superioridade humana em relação às máquinas. Houve um tempo
em que aprender a dirigir era como um rito de passagem em relação ao poder e a
liberdade individual que ensejava. Wadhwa observa que a quantidade de variáveis
envolvidas nesse tipo de tarefa ultrapassava de longe a capacidade das máquinas
de poder realizá-las.
Para ilustrar essa situação, pense na decisão que um carro
autônomo com um passageiro deve tomar em jogar o carro fora da estrada
arriscando a vida do passageiro para salvar a vida de crianças em um ônibus
escolar. Nesse quesito a evolução foi
tamanha que hoje nos indagamos se essa tarefa pode ser humana!
Por outro lado, os autores salientam que a adoção de
veículos autônomos em larga escala pode eliminar o trabalho de milhões de
motoristas de carros, caminhões, ônibus, e quem sabe, até de aviões e navios.
Esses efeitos indesejáveis das tecnologias disruptivas devem ser conhecidos e
amplamente discutidos para que possamos decidir se são compensados por seus
efeitos positivos.
Por seu caráter ubíquo, dificilmente poderemos eliminar a
tecnologia de nossas vidas como o efeito de uma decisão individual. Precisamos
de instituições que atuem no sentido de prevenir os efeitos negativos das mesmas,
que distribuam seus benefícios e ajudem-nos a entendê-las e incorporá-las em
nossas vidas. Os autores apresentam algumas dessas tecnologias, informando sobre
seu potencial ao mesmo tempo em que alertam sobre seus riscos inerentes.
Arrematam que "ao
fim, escolheremos um de dois possíveis futuros: o primeiro é o futuro utópico
de StarTrek, em que nossos desejos e necessidades serão prontamente atendidos,
focando nossas atividades vitais na retenção de conhecimento e na melhoria da
humanidade. A outra é a distopia do MadMax, um futuro de lutas e alienação em
que a civilização se autodestruirá".
Minha visão é de que a evolução tecnológica veio para ficar e podemos até retardar um pouco mas não conseguiremos evitar. Então por que não pensarmos na solução para aqueles que ficarão sem este emprego disponível? Por que não incentivar para que sejam trabalhadas paralelamente, pesquisas sobre os empregos do futuros? A área de humanidades precisa urgentemente procurar acompanhar a área de tecnologia diminuindo a defasagem brutal que hoje existe.
ResponderExcluirNão temos como parar o progresso mas temos como nos desenvolver para acompanhá-lo.