Origem: Oscar
Sarquis. Revolução Científico-Tecnológica e Adaptabilidade Humana (1).
Resenha Startup 2017.
O jornal O Globo do dia 08/10/2017 apresentou um artigo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a atual janela de mudanças no
mundo contemporâneo. Seu foco é maior sobre questões de inserção brasileira na geopolítica
mundial. Numa parte de seu discurso argumenta sobre:
“(…) que entendam que
o mundo contemporâneo tem base técnico-científica em crescimento exponencial, e
exige, portanto, educação de qualidade (…)”.
Prezados leitores, há muito que discorrer sobre esse
extrato simples do discurso do político e sociólogo brasileiro. Primeiramente,
quero relembrá-los que há um descolamento gradual e contínuo entre a taxa de
mudanças tecnológicas e a capacidade dos seres humanos, individualmente e
socialmente, de adaptarem-se a elas. Especialistas falam que a taxa pela qual
podemos nos adaptar a essas mudanças está crescendo. Observam que no início do
século 20 levávamos de 20 a 30 anos para fazê-lo, enquanto atualmente esse
média caiu para um valor entre 10 e 15 anos. Mas isso não é suficientemente bom.
A
janela de tempo entre o momento em que alguma inovação se torna ubíqua e o marco
em que o mundo seja exposto de forma relevante a ela está entre 5 e 7 anos, e
em processo de redução contínua.
Isso é vertiginoso para a maioria das pessoas, porque elas
ouvem falar sobre avanços, sobre a maneira como essas tecnologias irão
modificar sua forma de ser, de trabalhar, de se divertir, mas não conseguem
compreender de que forma isso ocorrerá; não conseguem direcionar seus esforços
para diminuir essa tendência, e a angústia gerada por ela. Do ponto de vista social, o impacto é maior ainda. Que políticas os
governos podem implementar para alavancar as imensas oportunidades que daí
surgem? Uma pergunta retórica ao nosso sociólogo: que tipo de educação é essa?
Um pequeno exemplo dessa dinâmica pode ser visto a partir do
impacto local do aparecimento do Uber. A plataforma de compartilhamento de
veículos surgiu por volta de 2007. Somente em agosto de 2017 o legislativo
local, nos diversos níveis, iniciou o tratamento das questões relacionadas à
regulamentação do serviço. Enquanto isso assistimos a um processo de adaptação
por vezes traumático e de ruptura social.
Algumas inovações advindas da tecnologia trarão impacto negativo com relação a geração de emprego e outras se comportarão de forma oposta como é o caso citado do Uber. Me parece que as ciências humanas não estão evoluindo o suficiente para acompanhar as ciências exatas. Não deveriam existir estas lacunas em que é gasto excesso de energia em um ciência combatendo a outra.
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