Cloud Computing ainda é dúvida?
Origem: A Cloud Corporativa: melhores
práticas para transformar o legado de TI. James Bond (não é brincadeiraJ), O’Reilly Media, Sebastopol (CA), 2015. The Enterprise Cloud: best practices
for transforming legacy IT. (Tradução do
Portal)
Estive algum tempo ausente das discussões sobre o tema Cloud Computing. A última vez que me
defrontei com o assunto data de junho do ano passado quando palestrei em um
congresso de tecnologia voltado para entidades governamentais. Desde então
algumas questões evoluíram pontualmente. Vale observar, por exemplo, que o
documento do Gartner Hype Cycle for Cloud
Computing, 2017 coloca que os modelos de entrega de serviços IaaS e PaaS entrarão
no que chamam de Plateau de Produtividade,
fase em que os benefícios da tecnologia foram demonstrados e amplamente
aceitos, em um prazo de 2 a 5 anos. Ou seja, ainda há um caminho importante a
ser trilhado até que possam ser adotados de forma ubíqua.
Resta-nos tratar os desafios prementes de sua adoção de uma
forma direta, com o fez James Bond no seu livro sobre Cloud Corporativa, que permanece atual, apesar de seus dois anos de
lançamento. Ao final o autor nos apresenta ferramentas que nos ajudarão a
avaliar as tecnologias existentes e os provedores de serviços. Observamos, por
exemplo, que questões relacionadas à soberania
de dados ou residência de dados
continuam sem ser resolvidas. O certo é que tanto consumidores quanto governos
ainda impõem restrições de localização de dados, reduzindo assim sua
mobilidade, e tornando o modelo menos resiliente do ponto de vista da
disponibilidade e continuidade das operações.
O autor discorre sobre os vários desafios que líderes de tecnologia
da informação e administradores organizacionais precisam enfrentar antes de
considerarem uma movimentação de serviços de TI para fora da empresa.
Observemos por exemplo que os ativos de infraestrutura e o pessoal técnico
existentes dentro da empresa precisarão ser transferidos ou descartados em
alguma medida, que deverá haver uma modificação considerável de algumas rotinas
de trabalho de suporte relacionadas a mudanças e liberação, gerenciamento de
incidentes e de eventos, além de outras questões mais pontuais. Há, porém, duas
ênfases que James faz e que poderão complicar o processo.
A primeira diz respeito aos aplicativos de missão crítica
existentes na empresa, que alguns chamam de legado. Migrar esses sistemas para
a nuvem pode ser muito complicado e caro. Estamos falando de aplicações
ancestrais, desenvolvidas em arquitetura cliente-servidor, que trafegam dados
como se o desktop e o servidor estivessem lado-a-lado comunicando-se em uma
rede local de dados, e que não funcionarão em outro tipo de cenário. O problema
é mais grave porque para algumas indústrias, a exemplo dos bancos, essas
aplicações estão em maioria. Nesse caso faz-se necessária uma avaliação sobre
os cenários alternativos de reinvestimento sobre a aplicação ou a sua
substituição por serviços habilitados para cloud.
Não será fácil.
Outra questão que merece destaque e que foi muito bem
trabalhada pelo autor é sobre o modelo de contratação e orçamentação, bem como
o nem sempre tranquilo relacionamento com os fornecedores, mormente no setor
público. Ocorre que o modelo de nuvem é forte justamente pela elasticidade no
uso de recursos e serviços, bem mais aderente aos tempos atuais que os modelos
convencionais de contratação e imobilização de recursos. Porém impõe-nos a
obrigatoriedade da medição, da fiscalização, tarefa essa que não pode ser
delegada para o fornecedor. Ou seja, as organizações precisam desenvolver
mecanismos próprios de medição e fiscalização do contrato. Essa situação se
complica quando percebemos que as empresas não devem confiar em um único
provedor, e que ambientes multi-cloud
são extremamente difíceis de administrar nesse último aspecto.