Conteúdos Associados (Direct)

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Iniciativas Empresariais de ESG na Educação – Google for Education

Ensinar+ (Escola Credenciada Google)

Exemplos de iniciativas educacionais promovidas pela sociedade civil no mundo todo não faltam. E no âmbito das práticas ESG, de sustentabilidade econômica, social e ambiental fazem mais sentido ainda. Já falei aqui noutra ocasião das parcerias público-privadas para a qualificação, criação de empregos e orientação da mão-de-obra disponível para o mercado de tecnologia.

Vou citar um exemplo mais específico agora, de como empresas com atuação mundial podem articular essas iniciativas com oportunidades de negócio. Trata-se do Google Workspace for Education, uma plataforma com vários recursos educacionais integrados que visam à colaboração, criatividade e engajamento de estudantes e professores.

Há vários níveis de recursos fornecidos pela plataforma a partir de uma versão gratuita para qualquer escola de educação formal. Espaço de armazenamento e colaboração, salas de aula virtuais, serviços de e-mail e agenda escolar. Claro que esses recursos precisam estar articulados entre si para que possam produzir os resultados esperados. É necessário um projeto educacional para a escola, considerando suas características específicas. A Google qualifica e certifica empresas e profissionais para ajudarem nessa tarefa árdua.

Há inúmeros casos em todas as regiões do país, e quase todos eles por iniciativa dos próprios professores. A organização do material e sua disponibilização é sempre um desafio, mas gosto muito de contar sobre um cenário muito comum e que pode se adaptar ao seu caso.

Inicialmente, a qualificação técnica dos professores é essencial para que se sintam confortáveis com o uso das ferramentas educacionais Google. Depois, inicia-se o processo de compartilhamento de documentos na área comum da escola. Esse processo é descentralizado, pois depende da iniciativa conjunta da direção da escola, dando as orientações sobre os padrões a serem utilizados, e dos professores e alunos engajados nesse projeto que o operacionalizam. A receptividade é ótima.

Como consequência, a escola é capaz de envolver seus alunos no uso constante da plataforma na nuvem, trazendo ganhos na interação entre colegas e professores e na organização e colaboração dos conteúdos aprendidos. Isso também promove uma melhora dos resultados escolares. Essa transformação digital vivida pela escola resulta em sua certificação como Escola de Referência Google for Education, e isso pode ser divulgado sem problemas, desde que siga um padrão pré-estabelecido.


                                   Salas de Inovação Google nas Escolas

terça-feira, 24 de maio de 2022

 

Don’t Bother Me, Mom – I’m Learning.

Criador do termo "Nativos Digitais", Marc Prensky é um visionário que coloca suas ideias na prática, transformando a área da educação e impactando a realidade. O título desse artigo referencia uma importante obra do autor e que colocou em perspectiva a tecnologia na educação, mais especificamente, o mundo dos games.

Um estudo feito pela Universidade de Harvard questionou mais de 20 mil entrevistados sobre o que os motiva e chegou à conclusão de que temos quatro grandes pilares, que chamaram de os 4P’s da motivação: pessoa, propósito, PLAY e potencial, em torno dos quais as estratégias motivacionais e de engajamento empresarial devem ser construídas.

Vamos nos concentrar no PLAY. Aprendemos desde pequenos que o trabalho não precisa ser prazeroso, e sim trazer sucesso, mesmo que chato ou exaustivo. Ser muito bom em algo pode garantir dinheiro, mas sem o amor pelo que se faz, também é garantida a frustração. Mas quando combinamos saber e gostar no trabalho, algo incrível acontece: alcançamos sucesso porque gostamos tanto do que fazemos, que fazemos cada vez melhor. É a combinação de realização e felicidade. E isso vale também para aprendizagem e desenvolvimento pessoal.

Segundo Karl Kapp, Gamificação é a utilização de mecânica, estética e pensamento baseados em games para engajar pessoas, motivar a ação, promover a aprendizagem e resolver problemas.

A palavra mecânica pode produzir a sensação de que pontos, níveis, fases, distintivos e placares são importantes para transformar um treinamento cansativo em uma atividade atraente. O pensamento consiste em elaborar sobre um problema ou atividade do dia a dia e convertê-la em uma atividade que contenha os elementos do jogo (competição, cooperação, exploração, premiação, storytelling). Sobre a estética, precisa ser elaborada sobre o dia a dia do aprendiz numa perspectiva de realidade aumentada.

Esse elemento tecnológico, motivacional e estético é importantíssimo para a elaboração de conteúdos inclusivos, motivadores e alinhados à estratégia corporativa. Ao final e ao cabo, os conteúdos de treinamento corporativos necessitam estar muito próximos à realidade empresarial, refletindo os problemas e metas corporativas. A metáfora dos jogos facilita a reprodução dessa realidade fantástica.

Um exemplo pode ser elucidador. A implantação de projetos corporativos ágeis pode ser potencializado quando se estabelece metas de desempenho educacionais, associadas a gadges (distintivos), selos de qualificação, etapas de jogos que necessitam de certificação. Por fim, tudo tem que ser divulgado, com ranqueamento e premiação. Quando for procurar a plataforma de educação corporativa, verifique em que nível esses recursos podem estar disponíveis, e de que forma estão alinhados à estratégia empresarial.


domingo, 22 de maio de 2022

Educação e Tecnologia – O que a Starlink tem a ver com isso?

O empresário sul-africano Elon Musk esteve no Brasil para tratar com o governo federal de questões ligadas à ampliação do serviço de internet por satélite e sua correspondente utilização em educação básica na região amazônica. Foi anunciada então uma parceria com a Starlink, empresa vinculada à SpaceX, que oferece o serviço de internet banda larga via satélite. Em comunicado no Twitter, Elon Musk afirmou que a infraestrutura de satélites a ser instalada será utilizada para oferecer internet a 19 mil escolas em áreas rurais amazônicas.

Como sabemos, a exemplo do que acontece no Brasil inteiro, há deficiências quase intransponíveis na infraestrutura de internet da área rural do país. Na Amazônia, esse fator é mais grave ainda em função da dispersão populacional em um território muito grande, de acesso basicamente fluvial. O governo brasileiro, por meio do programa Norte Conectado, tem realizado iniciativas de melhoria dessa infraestrutura com a implantação de fibra óptica subfluvial, no bojo das contrapartidas do leilão 5G realizado no Brasil. Mas esse processo é demorado.

Do ponto de vista tecnológico a Starlink traz melhorias importantes: fornece internet por meio de uma miríade de pequenos satélites de baixa órbita, que circulam ao redor da terra a uma distância de 550km, em contraposição à tecnologia usual de satélites em órbitas estacionárias a 35 mil km. O resultado disso é a possibilidade de oferecer internet banda larga a 100Mbps, ou seja, 10 vezes mais que o modelo tradicional. Essa diferença é muito relevante quando se considera o tráfego de conteúdo de streams de vídeo e a interatividade dos jogos on-line. Em uma palavra, com essa iniciativa criam-se condições para utilização da tecnologia das plataformas educacionais a distância, e isso é muito importante, senão vejamos.

Para entender o que acontece na Amazônia consideremos os dados do Censo da Educação Básica, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), e dados populacionais do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Os números mostram que 72,6% dos jovens entre 15 e 17 anos que vivem na região estão matriculados no Ensino Médio. Essa estatística recebe o nome de “taxa de escolarização bruta”. Embora alta, ela é inferior para a Amazônia em comparação ao restante do país, onde 82,3% dos jovens cursam essa etapa de ensino. Além disso, existe um descolamento entre a idade dos alunos e a etapa de ensino cursada. No caso do Ensino Médio, espera-se que eles tenham entre 15 e 17 anos. Na Amazônia Legal, 31,2% dos estudantes matriculados no Ensino Médio têm idade acima da esperada para o ano em que estão matriculados. Esta taxa é de 28,1% no resto do país. Por fim, a evasão escolar durante o Ensino Médio na região é também superior à média nacional: 10,1% contra 9,2%. 

Uma possível explicação para a evasão alta é a dificuldade de acesso aos estabelecimentos de ensino. Pouco mais de 23% da população da Amazônia vive na zona rural, mas somente 13,5% das vagas do Ensino Médio encontram-se nessas regiões. As plataformas educacionais de ensino a distância podem cumprir um papel crucial, seja pelo acesso generalizado à educação (capilaridade), seja pela qualificação dos conteúdos educacionais necessários à criação de oportunidades e formação da cidadania.

Do ponto de vista do investimento necessário para a criação da infraestrutura de internet, estima-se um valor em torno de R$ 100 milhões. Mas quanto custa à sociedade a baixa escolaridade de nossa população? Estabelece-se aqui o imperativo educacional para o desenvolvimento do Brasil.


domingo, 8 de maio de 2022

Aprendizagem Corporativa no Mundo Pós-digital/Figital

Vou iniciar com uma ideia comum em nossos dias: a de que o mundo submetido à Covid 19 nos remodelou enquanto indivíduos e sociedade. As reflexões sobre esse tema rebatem em muitos aspectos, e hoje quero me deter sobre um deles, particularmente importante para a sociedade e as empresas de forma geral: qualificação de mão de obra e desemprego. 

Um relatório recente divulgado pelo Great Place To Work mostrou que 59,5% das empresas no Brasil pretendem aumentar o número de colaboradores, enquanto 68,3% delas sentem muitas dificuldades de encontrar profissionais qualificados no mercado de trabalho. O problema está na discrepância entre as habilidades e competências que as empresas precisam e o que encontram nos talentos disponíveis. 

Como se trata de um problema estrutural pós-recessão dos anos 2020-2021, interessa aos setores público e privado. Enquanto há políticas governamentais específicas que norteiam a reinserção da população economicamente ativa no mercado formal de trabalho, há iniciativas igualmente importantes entabuladas pela iniciativa privada. E creio, o trabalho conjunto da sociedade, numa base tecnológica, pode resolver o problema em médio prazo. 

Cito aqui a iniciativa do Governo do Estado do Ceará, apoiada pelo Iracema Digital, o hub do ecossistema de TICS no Ceará, chamado C-Jovem. Por essa via deverão ser formados 100 mil estudantes em tecnologia da informação e comunicação nos próximos 5 anos.
Ressalto também o Embarque Digital, programa da Prefeitura da Cidade do Recife, em parceria com o Porto Digital, que objetiva formar competências na área de tecnologia da informação e melhorar a empregabilidade de jovens, impactando diretamente a economia local. Nesse primeiro momento serão treinados 350 estudantes egressos da rede pública e que conseguiram uma graduação superior em tecnologia. Logo após a qualificação serão orientados para o mercado. 

Vale observar que esses programas possuem um viés de treinamento para um grande contingente de pessoas. Há a necessidade de que sejam realizados a partir do uso maciço de tecnologia educacional. 

O uso de abordagem híbrida, com aprendizagem potencializada por plataformas de educação a distância, mais metodologias pedagógicas orientadas à colaboração deve compor um papel chave para o sucesso dessas iniciativas. 

Em seguida abordaremos melhor esses aspectos.