Origem: Obrigado pelo Atraso: um guia
otimista para sobreviver em um munto cada vez mais veloz. Thomas L. Friedman.
Objetiva. 2017.
Voltando a resenhar. Sinto-me um tanto ansioso por
discorrer sobre mais uma obra de peso do grande jornalista e colunista do New
York Times Thomas Friedman. Já havia lido outras de suas obras, a mais recente
sobre um mundo cada vez mais Quente, Plano e Lotado. Friedman dessa vez me
deixou desnorteado.
Cientistas, até por força do método, costumam basear suas
obras, sua construção e conclusões, em uma metodologia clara e objetiva. Isso
lhes dá força argumentativa e peso científico. Pois bem, e se agora, antes de
escrever, de opinar, os autores resolvessem explicar sua metodologia, ensinar
como articularam toda a sua obra, em suma, "mostrar o caminho das
pedras"? Foi isso que Friedman fez nesse livro.
Parte do pressuposto de que as três maiores forças do
planeta - a tecnologia, a globalização e a mudança climática estão acelerando
ao mesmo tempo, e essa é sua hipótese inicial. Para um colunista, argumenta, é
necessário que direcione sua visão sobre esses mecanismos tomando por base seus
valores, prioridades e aspirações. Não é, nem poderia ser, uma visão de todo
objetiva, justamente pelo seu cunho opinativo.
Na visão do resenhista, isso não restringe o valor
explicativo de sua obra, justamente por evidenciar seus referenciais.
Outra ênfase do autor chama-nos atenção e, talvez, seja sua
maior força. Toda a análise se baseia sobre a maneira como as referidas
engrenagens afetam as pessoas, a sociedade, pois afinal é sobre esse enfoque
que tudo deve ser tratado; mais ainda, como as pessoas afetam essas
engrenagens.
"Em última instância, colunas são sobre gente, as
coisas malucas que as pessoas dizem, fazem, odeiam e pelas quais anseiam."
Ainda sobre a abordagem do autor, complementa que "a
única forma admissível de pensarmos sobre os problemas do mundo de hoje",
multidimensional e extremamente complexo, "consiste em pensar sem caixa
alguma", nem dentro nem fora da caixa, de forma radicalmente
inclusiva.
Sobre a defesa de sua hipótese chave, falarei mais adiante.