Conteúdos Associados (Direct)

sábado, 30 de setembro de 2017

SOHO  não é uma pequena empresa. Na realidade, seu ego a faz grande. É um banco bem estabelecido em uma região próspera, e conta com 500 empregados satisfeitos. Dona Help é secretária executiva da Diretoria. Os negócios vão bem, por hora. O Conselho de Administração não está nada satisfeito com a desregulamentação do mercado e tem pressionado muito por uma mudança de perfil da empresa. 

Precisamos inovar, diz o Dr. Beraldo, Gerente Executivo da filial, em reunião com todos os funcionários! Mas já está quase na hora do expediente acabar! Dona Help já vai sair.
Origem: Time, Talent, Energy: overcome organizational drag and unleash it. Michael Mankins; Eric Garton. Harvard Business Review Press. Boston-Ma, 2017. (Tradução do Portal).

Há algum tempo líderes empresariais reclamam da falta de produtividade de suas equipes. Essa constatação coincide com o boom de disponibilidade da informação dos últimos 10 anos. Transformar a informação em produtividade requer estratégia, e essa estratégia passa pela organização do trabalho humano.

Em uma pesquisa realizada por Mankins e Garton com 300 executivos de grandes empresas globais, concluiu-se que as companhias perdem mais de 25% de sua capacidade produtiva com burocracia. “Ser multitarefa é exaustivo e contraproducente”, afirmam os autores. Muita informação disponível nos distrai, tira nosso foco. Um estudo da Microsoft observou que as pessoas levam, em média, 15 minutos para retornar às suas atividades mais importantes depois que interrompidas por um e-mail.

Os autores enfatizam que hoje os “verdadeiros recursos escassos, fontes de vantagens competitivas, são tempo, talento e energia das pessoas, e as ideias que essas pessoas geram e implementam”. Complementam ainda que “essas ideias são o produto indivíduos e times que possuem tempo para trabalhar produtivamente, e assim aproveitar suas competências diferenciais, trazendo criatividade e entusiasmo para seus trabalhos”.

Ocorre que à medida que as empresas crescem experimentam o que os autores chamam de “dragagem organizacional”, sucumbindo à estruturas burocráticas e pesadas, hierarquicamente bem definidas, em que projetos e atividades são geridos numa base matricial. Trabalha-se muito, mas produz-se muito pouco, do ponto de vista de geração de valor para a empresa e seus clientes. Perde-se energia vital, talento e tempo. Não há espaço criativo nessas organizações.

O livro é sobre como modificar tudo isso. É sobre o gerenciamento do tempo, do talento e da energia das pessoas. É sobre eliminar reuniões improdutivas. É sobre a adoção de princípios ágeis com formação de times multidisciplinares no lugar de colaboradores multifuncionais; é sobre o foco em uma menor quantidade de atividades críticas priorizadas. Ao fim e ao cabo, é sobre trabalho produtivo e realização pessoal.


domingo, 24 de setembro de 2017

Origem: Skill Guide: guia de referência em competências comportamentais. Mário Alves de Moraes Neto. Próprio (Livro Virtual Amazon), 2017.

Não há como falar sobre inovação e negócios digitais sem que tratemos das pessoas e da sociedade; na realidade, em todos os livros tratados pelo blog, essa dimensão tem sido priorizada. São muitas as abordagens, evidenciando cada uma delas um aspecto comportamental humano, mas em essência objetivando compreender como esse comportamento é influenciado e influencia a estrutura e o funcionamento organizacional. Mário foge dessa linha e cataloga nesse seu trabalho, quase que de forma enciclopédica, um conjunto enorme de competências humanas.

São listadas ao todo 144 competências. Como todo trabalho de levantamento, procura evidenciar aspectos comuns a todas elas, bem como agrupá-las em função da correlação de características que possuem. Não fica muito claro o critério geral utilizado para essa categorização, mas parece a essa coluna que o autor busca, em uma linha de coaching comportamental justificá-la pelos objetivos relacionados ao desenvolvimento de cada competência, como se tudo tivesse uma finalidade racionalizável do ponto de vista pessoal ou organizacional. Assim o é, por exemplo, em relação às categorias Saúde e Bem-estar, Interpessoais, Profissionais, Carreira e Finanças, dentre outras.

Vou me ater a uma competência em especial para uma reflexão: Autoconhecimento. Nas palavras de Mário, “compreende a capacidade de reconhecer, perceber e analisar as próprias características, sentimentos, emoções, pensamentos, comportamentos, reações e atitudes”. Ainda pele autor, “uma pessoa com essa competência bem desenvolvida é capaz de reconhecer padrões de comportamento desejáveis” no sentido de desenvolver o “´potencial curativo da autoconsciência”; e que “a principal estratégia para a construção do autoconhecimento está relacionada com o estabelecimento de autorreflexões”. Propõe uma série de questionários para esse fim.

Apoiando-me no filósofo Eduardo Giannetti, sobre o autoengano, o autoconhecimento vem sendo objeto de extensos trabalhos filosóficos e científicos sem conclusão alguma sobre o assunto: ocorre ao Eduardo que o problema está no fato de que o cientista e o objeto de estudo são os mesmos, sendo impossível qualquer nível de objetividade nesse tipo de análise. O autoengano é característica humana, de certa forma até útil.


Por fim, atrevo-me a comentar que cada uma dessas competências listadas pelo Mário precisa de uma abordagem própria, mais aprofundada, mas esse não é de modo algum o objetivo do livro. Como uma visão geral sobre competências humanas o livro cumpre seu papel. 


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Origem: Digital Bank: strategies to launch or become a digital bank. Chris Skinner. Marshall Cavendish Business. Singapure, 2014. (Tradução do Portal).

Palestramos em junho desse ano  no CIAB/FEBRABAN, o maior encontro de tecnologia bancária da américa latina. Naquela oportunidade os maiores bancos do pais discutiram sobre a transformação digital no setor bancário em seus múltiplos aspectos. Retornei ao assunto recentemente numa releitura crítica do livro do Chris Skinner, uma abordagem que ainda considero atual, apesar da imensa ameaça que paira sobre os bancos convencionais oriunda de tecnologias disruptivas, a exemplo dos blockchains.

Nos bancos, os negócios digitais implicam em uma completa modificação na forma de relacionamento e entrega de valor com os novos clientes, considerados nas palavras de Marc Prensky como nativos digitais. Para aqueles bancos engajados com essa visão de futuro, o livro fornece um plano para cumprir a jornada de reconstrução de produtos e serviços, processos e estruturas em direção a essa nova realidade, ilustrando o caminho com estudos de casos, conhecimentos e fatos reais.

"Os nativos digitais não pensam sobre agências, call centers, uso de internet como estruturas separadas. Pensam em tudo isso como aspectos integrados de suas vidas. Para eles, os bancos devem possuir somente um canal digital." Deve-se então inverter a lógica que organiza o modelo de negócios atual, em que perduram as estruturas físicas e canais múltiplos de distribuição de produtos e serviços, e sobre elas uma camada digitalizada.

Nos bancos digitais, todas as suas capacidades essenciais como fabricante de produtos, processador de transações e varejista de serviços deverão ser empacotadas como estruturas digitais em que produtos serão Apps, processos serão APIs e o varejo será inteiramente contextual, entregues através de internet móvel. Em relação a esse último aspecto, dar uma resposta contextualizada a uma necessidade de cliente, num nível altíssimo de customização requer a análise de hexabytes de dados de clientes em algum nível de computação cognitiva.


Por fim, o que restaria sobre o papel fundamental das agências bancárias, caracterizadas pelo autor como centros de transações? Passariam a exercer a função de centros de vendas. Nesse sentido, precisariam ser reestruturadas, condicionando sua existência à essa nova função. Os caixas, então, passariam a ser vendedores! Essa nova competência talvez seja a de mais difícil implementação.


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Origem: Oscar Sarquis. Arquitetura Empresarial e Ecossistemas de Negócio Baseados em Plataformas Digitais (2). Resenha Startup 2017.


Retornemos à discussão sobre Ecossistemas de Negócios  - EN digitais. Finalizamos o último artigo sobre o assunto afirmando que quando se pensa em Ecossistemas de Negócio, faz-se associação direta com plataformas multifacetadas. De alguma forma, essa relação restringe o conceito, senão vejamos. Inicialmente apresentaremos os principais componentes dos EN.

Como habilitadores dos Ecossistemas de Negócios incluiremos as plataformas digitais. De forma geral, são frameworks orientados para o negócio, que permitem que uma comunidade de parceiros fornecedores e consumidores compartilhem e desenvolvam processos digitais e capacidades, ou as estendam para o benefício do negócio. Esse framework permite uma combinação de modelos de negócio, liderança e talento,  bem como a infraestrutura de TI que potencializará os negócios digitais. A idéia dessas plataformas, nas palavras de Richard Schmalensee, é reduzir as fricções de mercado que os economistas chamam de custos de transação.

Outro elemento constituinte dos EN, e cuja função é potencializar o uso das plataformas digitais chama-se economia de API. Constituem-se em um conjunto de modelos e canais, baseado em acesso seguro de funcionalidades e troca de dados com um ecossistema de desenvolvedores e usuários de aplicações (micro aplicações) por eles desenvolvidas, funcionalidades essas utilizadas por meio de API (Application Programming Interface) com acesso a recursos internos ou via internet com parceiros de negócio e clientes.

Um terceiro elementos merece destaque, pois facilita o fluxo de informações entre parceiros - tratam-se de eventos. Representam uma mudança ou alteração de medição de um estado monitorado. Produtores de eventos detectam essas alterações e as publicam em um canal de comunicação, a exemplo de filas de mensagem, armazéns de dados de uso comum e objetos "in-memory". A natureza da percepção sobre esses estados pode ser profundamente influenciada pela computação cognitiva.

Por fim, há o que se chama de economia programável. Caracteriza-se pela agregação em escala global de algoritmos e organizações autônomas descentralizadas, habilitadas por plataformas metacoins entendidas como infraestruturas de tecnologia que permitem a utilização de moedas digitais, em transações com ativos digitais.


Em seguida discutiremos insights sobre os mecanismos chaves que permitem às organizações participarem de Ecossistemas de Negócios.

domingo, 17 de setembro de 2017

Origem: Obrigado pelo Atraso: um guia otimista para sobreviver em um munto cada vez mais veloz. Thomas L. Friedman. Objetiva. 2017.

Voltando a resenhar. Sinto-me um tanto ansioso por discorrer sobre mais uma obra de peso do grande jornalista e colunista do New York Times Thomas Friedman. Já havia lido outras de suas obras, a mais recente sobre um mundo cada vez mais Quente, Plano e Lotado. Friedman dessa vez me deixou desnorteado.

Cientistas, até por força do método, costumam basear suas obras, sua construção e conclusões, em uma metodologia clara e objetiva. Isso lhes dá força argumentativa e peso científico. Pois bem, e se agora, antes de escrever, de opinar, os autores resolvessem explicar sua metodologia, ensinar como articularam toda a sua obra, em suma, "mostrar o caminho das pedras"? Foi isso que Friedman fez nesse livro.

Parte do pressuposto de que as três maiores forças do planeta - a tecnologia, a globalização e a mudança climática estão acelerando ao mesmo tempo, e essa é sua hipótese inicial. Para um colunista, argumenta, é necessário que direcione sua visão sobre esses mecanismos tomando por base seus valores, prioridades e aspirações. Não é, nem poderia ser, uma visão de todo objetiva, justamente pelo seu cunho opinativo.

Na visão do resenhista, isso não restringe o valor explicativo de sua obra, justamente por evidenciar seus referenciais.

Outra ênfase do autor chama-nos atenção e, talvez, seja sua maior força. Toda a análise se baseia sobre a maneira como as referidas engrenagens afetam as pessoas, a sociedade, pois afinal é sobre esse enfoque que tudo deve ser tratado; mais ainda, como as pessoas afetam essas engrenagens.

"Em última instância, colunas são sobre gente, as coisas malucas que as pessoas dizem, fazem, odeiam e pelas quais anseiam."

Ainda sobre a abordagem do autor, complementa que "a única forma admissível de pensarmos sobre os problemas do mundo de hoje", multidimensional e extremamente complexo, "consiste em pensar sem caixa alguma", nem dentro nem fora da caixa, de forma radicalmente inclusiva.

Sobre a defesa de sua hipótese chave, falarei mais adiante.



segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Origem: Everybody Lies - big data, new data, and what the Internet can tell us about who we really are. Seth Stephens. Harper Collins, 2017. (Tradução do Portal).

Peço-lhes permissão para colocar em foco um assunto delicado: o que é Big Data, sua real aplicabilidade aos assuntos de negócio e a crescente digitalização de toda a atividade humana. Nas palavras de Seth Stephens, "How big is big?" O autor trabalhou como cientista de dados na Google e é PhD em economia por Harvard.

Seth reflete sobre a incalculável quantidade de informações armazenadas sobre pesquisas no Google Search e sua aplicabilidade. Em síntese, observa que os temas de pesquisas, consideradas em conjunto, refletem mais sobre o comportamento humano que qualquer pesquisa sócio-econômica séria e bem conduzida. A chave disso é que as pessoas contam mais em seus questionamentos no Google do que elas mesmas poderia identificar em seus padrões de comportamento ou sobre seu auto-conhecimento.

"Se nós agregarmos toda essa informação, mantendo tudo de forma anônima, nos certificando de que nunca saberemos sobre os medos, desejos e comportamento de qualquer indivíduo específico, e adicionarmos a essas informações ciência de dados, começaremos a ter uma nova visão dos seres humanos, sobre sua natureza."

Há duas abordagens convergentes no livro: primeiro, procura evidenciar o grau de acuracidade dos dados de pesquisa no Google Search sobre fenômenos conhecidos, tentando dar alguma previsibilidade a eles, a exemplo das eleições americanas recentes, associando seu resultado ao racismo da sociedade americana; depois, procura vislumbrar alguma aplicabilidade do uso dessas informações para assuntos relevantes no mundo atual.

Em relação à questão do uso dessas informações, atenho-me sobre o nível de previsibilidade sobre um determinado comportamento de consumidor, assunto muito discutido e trabalhado nesses tempos de abordagens centradas no comportamento humano. Por exemplo, até que ponto a utilização de testes A/B como experimentos práticos poderiam ser substituídos pelos dados consolidados de comportamento obtidos na Web?

Em uma avaliação minha, o uso desse tipo de agregação é válida quando a quantidade de informações analisadas é gigantesca (realmente BIG!), até pelo viés estatístico que podem embutir. Quando começo a restringí-las à localização e mercados específicos, carecem de tratamento adequado e perdem seu efeito prático.

Por enquanto valem algumas tendências mais gerais de comportamento a exemplo da correlação existente entre a ansiedade e a neurose urbana, colocadas em dúvida pelo estudo. 


sexta-feira, 8 de setembro de 2017


Origem: Oscar Sarquis. Arquitetura Empresarial  e Ecossistemas de Negócio Baseados em Plataformas Digitais (1). Resenha Startup 2017.

Um novo padrão de negócios parece dominar o cenário econômico mundial: empresas de sucesso dependem da habilidade com que desenvolvem arquitetura de negócios voltadas para seu ecossistema empresarial, um foco externo, portanto. 

Então, estrategistas e arquitetos de negócio devem desenvolver competências, modelos e técnicas que suportem essa perspectiva de Ecossistema de Negócios, e que se concretizam com o modelo de negócio e a tecnologia de suporte do modelo.

Primeiramente, devemos conceituar Ecossistema de Negócios (EN). Trata-se de uma rede dinâmica de entidades (pessoas, negócios e coisas) que interagem entre si para criar e trocar valor sustentável para seus participantes.

Um EN habilita seus componentes a exporem suas capacidades e alavancarem as capacidades dos demais, objetivando a criação de novos serviços, produtos e experiências dos consumidores, direcionando altos níveis de valor para os negócios. Há segregação de funções: algumas organizações criarão e executarão ecossistemas poderosos, enquanto outras mais somente participarão de forma secundária dos mesmos.

Três características fazem os Ecossistemas de Negócios particularmente relevantes na era dos negócios digitais:

1) São significativamente grandes e dramaticamente complexos; o número de atores e interconexões crescerá exponencialmente, da mesma forma que o volume de informações produzidas e trocadas;

2) São altamente fluidos e dinâmicos, auto-organizáveis, adaptativos e voltados para aprendizagem contínua; não representam somente entidades autônomas interligadas pela internet;

3) Informação é o que orienta os EN, caracterizando o ativo de maior valor na medida que nos movemos da era da globalização baseada em coisas para a globalização digital.

Quando penso em Ecossistemas de Negócio, da maneira definida até aqui, concretizo meu pensamento em termos de Plataformas Digitais e modelos de negócio multi-facetados, mas é somente isso? A apresentação de seus componentes elucidará essa questão.

Até a próxima!

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Origem: Plataforma: a Revolução da Estratégia - Geoffrey G. Parker. São Paulo, HSM do Brasil. 2016.

Como o Resenha havia observado anteriormente, cerca de um quarto dos nos negócios atuais gravitam em torno do modelo de negócios em plataforma. Pesquisando um pouco melhor, conseguimos observar que independentemente de tecnologia, esse arranjo produtivo é mais antigo: basta lembrar do que fazem as empresas de leilões pelo mundo afora há muito tempo. 

Ocorre que a tecnologia potencializou o modelo, e ao lado de forças econômicas e sociais pós-modernas, a exemplo dos modelos de organização colaborativos, impulsionou a ideia. Geoffrey recupera, inicialmente, algumas dessas histórias, não tão recentes, mas definidoras do modelo, como a Microsoft, Intel, SAP, Intuit. Depois aborda o modelo do pontos de vista de empresas que sintetizam de forma relevante o novo formato do modelo nos tempos atuais, como a Uber, e-Bay e AirBnb.

"Enquanto as gigantescas empresas da era industrial se ergueram a partir de economias de escala baseadas no fornecimento, os gigantes contemporâneos exploram economias de escala na demanda, expressas como efeito de rede."

Amparado pela retrospectiva analítica do modelo, o livro volta-se para responder alguns questionamentos chaves que dizem respeito a montagem propriamente dita do negócio, aproximando-se de um receituário relativamente bem conhecido e difundido, mas que põe foco na base operacional, assunto que interessa mais a quem está interessado em empreender. Questões relacionadas à atração de produtores consumidores, modelos concorrenciais em plataforma, precificação são então tratadas de forma muito competente.

"Em cada troca, produtor e consumidor intercambiam três coisas: informações, bens ou serviços, e algum tipo de moeda. (...) e de modo a garantir a simplicidade da interação básica, tornando-a até mesmo inevitável, a plataforma tem que desempenhar três funções: atrair, facilitar e parear."

O Resenha voltará ao assunto em breve!




quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Origem: O Primeiro Passo - A transformação  digital como base para os negócios pós-digitais no século 21. Cezar Taurion. Livro Virtual. 2016.

Hoje cedo verifiquei os "posts" de contatos no LinkedIn e, como sempre, não poderia deixar de examinar os do professor e consultor Cezar Taurion. Em publicação mais recente, fala-nos de curioso paradoxo relacionado ao sucesso e à elaboração de estratégias: "não ignore as falhas, são excelentes professoras." Pois bem, eis ai o mote para o Resenha examinar o livro mais recente do Cezar.

O livro condensa uma série de insights publicados na CIO Magazine e no LinkedIn, e que apesar de terem sido publicados em momentos diferentes e possuírem vida própria, são muito bem articulados no livro. Ao final, servem-nos para entender como "uma estratégia de negócios digital envolve muito mais que ações de marketing, pois afeta não apenas o relacionamento e engajamento com clientes, mas inclui redesenho de processos, inclusão de inteligência nos produtos e provavelmente criação de novos modelos de negócios."

Nesse sentido, "O clássico dilema da TI em escolher qualidade x velocidade x custo precisa ser resolvido. Não é mais um ou outro, mas sim todos ao mesmo tempo."

Há análises sobre uma série de setores que têm sido modificados pela onda pós-digital, a maneira como esses negócios reagiram em contraponto à tecnologias específicas, e suas perspectivas mercadológicas. Para quem já navegou pelos artigos do Prof. Taurion, o texto segue o ritmo dinâmico e analítico de sempre, enriquecido com uma imensa série de referências ativas que valorizam a narrativa de sobremodo.

Em todos esses casos, os CIOs não se acomodaram, modificaram a abordagem de suas estratégias em direção a modelos mais dinâmicos de atuação, testando os clientes novos e antigos, explorando suas respostas e errando muito, e em função desses erros, redirecionando seus negócios.




terça-feira, 5 de setembro de 2017

Origem: Porque as Nações Fracassam. Daron Acemoglu. Campus. São Paulo, 2012.

Você não deve ter ouvido falar desse turco naturalizado americano. Professor do lendário MIT, ficou conhecido do grande público em 2012 com o lançamento do livro foco dessa resenha, mais por sua facilidade de leitura do que pelas idéias inovadoras que elege: o papel das instituições no desenvolvimento dos países.

Todo o argumento do autor faz alusão ao papel dos padrões de dominação que se reproduzem e a qualidade das elites dirigentes de países pobres e ricos; concentração de renda, desigualdade social e pobreza são consequências imediadas de ações propositalmente conduzidas por suas elites dominantes.

"No livro, estudaremos como esses padrões se auto reproduzem ao longo do tempo, e porque algumas vezes são alterados, como ocorreu na Inglaterra em 1688 e na França em 1789."

Esse tipo de análise permite que Acemoglu nos alerte, como em entrevista recente na Exame (A Nova Batalha do Emprego), sobre como as sociedades devem se preparar para a próxima onda de automação e robotização. Afirma então que:

"A queda do número de empregos (em função da crescente robotização) deve-se ao fato de que uma parcela dos trabalhadores não apresenta as habilidades que a era da automação demanda. Se conseguirmos nos antecipar e treinar as pessoas para que tenham as habilidades que serão demandadas nas próximas décadas, poderemos aumentar a chance de essas pessoas conseguirem trabalho. Isso combaterá a desigualdade."

Voltamos então à análise dos padrões de dominação citados pelo livro: e nossas elites querem isso?



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Origem: Você é o Que Compartilha. Gil Giardelli. Gente Editora. São Paulo, 2012.

Hoje pela manhã deparei-me com uma reportagem no O Globo, na sessão "Conte algo que não sei", intitulada "Estamos vivendo a quarta revolução industrial". Num átimo lembrei-me do livro do Prof. Gil Giardelli, do Inepead/USP, sobre o qual procurarei me debruçar agora.

O livro nos inspira a pensar sobre o mundo digital contemporâneo, no âmbito do que chamou de quarta revolução industrial, o mundo exponencialmente colaborativo, hiperconectado, hiper tudo! Na realidade chama-nos a uma auto observação: nesse momento somos zumbis da era digital, nas palavras de Eduardo Giannetti, "obesos de informação e famintos de sentido", e que nos leva a uma encenação séria da vida.

Ocorre que, surpreendentemente, o autor muda o discurso, e nos apresenta uma visão inteiramente diferenciada, crítica mas não mordaz. Estamos em transição, da economia da informação para a economia da reputação, da generosidade, do avanço social e moral. Seremos technoanarquistas ao final e ao termo de tudo. Em suas palavras:

"Estamos começando a viver a era da participação e do compartilhamento (...); estamos em um betateste empírico: fazer, errar e fazer novamente (...) e tudo foi tão rápido que não deu tempo de fazer um manual de instruções."

O livro gravita sobre tecnologias e impactos pessoais e sociais; posiciona-nos sobre nosso presente em perspectiva com o passado e o futuro. Ótima leitura.



domingo, 3 de setembro de 2017


Origem: Oscar Sarquis. Como avaliar investimentos em plataformas multi-faces. Resenha Startup 2017.

Só para rememorar: plataformas multi-faces são modelos de negócio em que dois diferentes segmentos de clientes coexistem e são interdependentes, pois a presença de um gera valor para o outro. Em alguns casos não se cobra nada de um dos clientes como forma de atraí-los para então poder oferecê-los ao outro cliente.

"Se você não está pagando pelo produto, você deve ser o produto"

Exemplos de negócios baseados nesse tipo de plataforma são o jornal de rua Destak, o Google, a plataforma de jogos do PS3 (Play Station 3), aceleradoras de startups.

Esse tipo de iniciativa cresceu muito e hoje responde por 25% dos negócios digitais no mundo e sustentam boa parte do crescimento das empresas nos temos atuais.

Investir de forma contínua e estruturada nesse tipo de estratégia não é trivial e impõe riscos consideráveis. O modelo em questão é complexo e requer foco para gerenciar trade-offs (trocas) causados por conflitos de interesse entre os parceiros.

Considere então:

Checar a viabilidade da MSP antes de realizar investimentos consideráveis; um bom começo será experimentar o negócio em um ecossistema geograficamente limitado, um bairro por exemplo;

Seguir os dois passos inciais: decidir com quantos lados trabalhar, enfatizando a proposta de valor para cada um deles, e trabalhar sobre indicadores de resultado;

Desenvolver uma hipótese para cada um dos quatro determinantes (número de lados, projeto, precificação, governança) desse tipo de modelo, confrontando-as com os indicadores trabalhados.