Análise de Viabilidade Econômica do
uso de Nuvens
Estratégia e valor
Os
serviços em nuvem são merecedores de consideração somente se criarem valor para
seus usuários. Muitos acreditam que o valor da nuvem pode ser simplesmente
caracterizado por custos reduzidos ou maior agilidade. O termo “agilidade” é frequentemente
usado em discussões sobre nuvem, mas o que realmente é e como realmente
quantificá-lo nunca parece ser bem definido.
Outro
fator de valor, a experiência do usuário, é o aspecto de valor esquecido nos
trabalhos sobre nuvem: livros inteiros foram escritos sobre negócios na nuvem
que não mencionam a experiência do cliente uma única vez.
Estimar
valor é complexo. Os valores da nuvem, como redução de custos e aprimoramento
da agilidade, podem ser mais ou menos relevantes dependendo da estratégia de
negócio. A estratégia não é decidida no vácuo, mas é uma função das capacidades
e competências relativas à concorrência e do ambiente geral, explicado por
fatores macroeconômicos, crescimento regional, restrições regulatórias e
legais, entre outras.
Disponibilidade
A
disponibilidade de serviços de TI afeta diretamente os resultados de negócio. Os
clientes não podem comprar e os usuários não podem trabalhar, a menos que os
serviços e os aplicativos de que precisam, bem como a infraestrutura que os
suporta estejam disponíveis.
Muitas
vezes, a disponibilidade também está atrelada ao custo, porque o tempo de
inatividade pode resultar em processos subtilizados, soluções manuais e
penalidades de contrato de nível de serviço. A nuvem aumenta a disponibilidade
de recursos e, consequentemente, dos processos de negócios. Atualmente, a
maioria dos serviços baseados em nuvem é hospedada em vários sites. Se um site
ficar inativo, os usuários e clientes poderão ser encaminhados e atendidos por
outro site.
Existem duas
dimensões principais para disponibilidade: dados (continuidade) e serviços.
A
nuvem pode criar valor aprimorando a disponibilidade
de dados de duas maneiras:
(1) Os dados locais podem ser
armazenados em backup na nuvem, garantindo assim que uma ou mais cópias existam
mesmo se houver uma perda da cópia primária devido a um desastre, termo que
designa a descontinuidade total de uma instalação de TI;
(2) Os dados na nuvem podem ser
replicados em vários locais, garantindo que a nuvem também tenha backup, ou
seja, a nuvem.
Já
com relação à disponibilidade de serviço, entendida como a disponibilidade dos
processos de negócios que fornecem serviços, incluindo os recursos que permitem
esses processos de negócios, também pode ser aprimorada pela nuvem. Neste caso,
fatores como arquitetura de TI do serviço, quantidade de recursos alocados, e possibilidade
de rápida movimentação desses recursos para outros locais interferem de
sobremodo na disponibilidade.
Cabe
considerar que a existência de recursos de monitoramento e o nível de automação
do processo de resolução de incidentes é um fator chave a ser analisado. Grandes
instalações de TI oferecidas pelos provedores possuem recursos relevantes
relacionados a esses últimos fatores. Observa-se que cláusulas contratuais são
importantes no sentido de se estabelecer e nivelar expectativas, mas garantem
pouco mais do que isso do ponto de vista da disponibilidade de serviços.
Uma
avaliação histórica dos provedores quanto a esse aspecto será muito relevante.
A possibilidade de escolha alternativa do provedor, a qualquer tempo, processo
designado como de arbitragem, que leve em conta o histórico de disponibilidade é
condição fundamental.
Capacidade
(quantidade de recursos disponíveis)
A
disponibilidade devido ao tempo de inatividade é um problema, mas a
disponibilidade também pode ser afetada pela falta de capacidade.
Se
um site não está respondendo, ele tem um problema de software? O datacenter está offline? Uma conexão de
rede foi perdida? O site foi atingido por um ataque de negação de serviço? Ou é
apenas que a capacidade é insuficiente?
Para
os clientes e usuários, a razão não importa realmente - eles vão levar seus
negócios para outro lugar ou repensar sua decisão de compra. A nuvem cria valor
nesse caso por meio da manutenção da
receita marginal associada ao serviço e da redução dos impactos negativos de imagem associados à capacidade
insuficiente.
Agilidade
Há
dois tipos de agilidade relacionados à TI: velocidade de provisionamento de
recursos e agilidade nos processos de negócio.
Agilidade
de negócios implica, de forma mais ampla, na capacidade de ajustar-se
rapidamente à mudança das preferências do cliente, responder às ações dos
concorrentes e aproveitar novas oportunidades de mercado. Na medida em que
produtos, serviços, processos, cadeias de suprimentos e inovação são todos ligados
à tecnologia da informação, a nuvem em todas as suas modalidades de entrega, infraestrutura,
plataforma e software, pode gerar valor através de maior agilidade, aumentando
a receita, reduzindo custos e riscos. Vejamos mais sobre os custos.
Custo unitário
Se
tanto a TI interna quanto o provedor de serviços externo tiverem competências
semelhantes, o custo unitário pode ser
um importante diferenciador.
As vantagens do custo
unitário podem ser devidas a uma variedade de causas, como economias de escala
ou acesso preferencial a recursos.
Custo de entrega
O
custo unitário e as economias de escala são conceitos que remontam aos
primórdios da fabricação. Eles geralmente são úteis, mas um pouco enganosos
quando aplicados a empresas de serviços, por razões que valem a pena considerar
por um momento. Nas operações de fabricação,
o conceito de custo unitário é baseado na noção de uma fábrica que está
produzindo na sua capacidade máxima e é completamente dissociada da demanda sobre
o produto fabricado.
Geralmente,
à medida que as instalações de produção se expandem em tamanho, vários custos
podem proporcionalmente aumentar (deseconomias), permanecer os mesmos ou
diminuir, isto é, exibir economias de escala.
Uma
questão importante, no entanto, é que a natureza da demanda não entra em cena:
o custo unitário é baseado no custo total dividido pelo volume de produção na
capacidade total. Se não forem vendidos, os bens produzidos são transportados para
estoque, levando a custos de manutenção de estoque, que podem incluir espaço
físico, armazenamento automático e sistemas de recuperação, custos de mão de
obra para movimentar estoque, custos de obsolescência e custos de seguro ou
ajustados ao risco de dano ou destruição.
Em
um negócio de manufatura, o preço pago pelo cliente uma unidade de produção é
uma função do custo unitário de produção, mais os custos de manutenção de
estoques, mais componentes adicionais da estrutura de custos, como vendas,
gerais e administrativas, margem, operações de financiamento e assim por
diante.
Na manufatura, a produção pode ser constante,
e a variação da demanda pode ser protegida com estoques durante todo o
processo: estoque de matéria-prima, estoque em processo, estoque de produtos
acabados, estoque no canal de distribuição. Os custos de manutenção desses estoques podem ser suportados pelo
fabricante ou pelo distribuidor, mas, em última análise, são pagos pelo
cliente.
Em
outras palavras, o custo de entrega é parcialmente baseado nos custos de
produção, que são afetados por economias de escala, e parcialmente baseados nos
custos de estoque, que são afetados pelo perfil de demanda em relação à
produção.
No
negócio de serviços, o custo de entrega é parcialmente
baseado nos custos operacionais, que são afetados por economias de escala
e, em parte, em custos de capacidade não
perecíveis e não utilizados, que são afetados pelo perfil de demanda em
relação à capacidade operacional.
Os
negócios de serviços, como a nuvem, não se importam apenas com o custo
unitário. Eles devem considerar de alguma forma o impacto da variação da
demanda, o fato de que a demanda pode não corresponder perfeitamente à
produção. Infelizmente, a capacidade
perecível não pode ser armazenada em buffer. A capacidade de realização de
um serviço é perecível. Recursos são utilizados com a uma medida de tempo
associada. Servidores por hora, Gigabytes por dia, e assim por diante.
Uma
empresa precisa avaliar o problema comparando sua própria capacidade com a de
um provedor de serviços em nuvem. Ao determinar um preço para uma unidade de
capacidade, não é apenas o custo unitário que importa. Claro que o custo
unitário associado a cada recurso ou serviço precisa ser considerado.
O que pode ser menos
óbvio é o fato de que o preço de uma unidade de capacidade vendida deve cobrir
não apenas o custo de uma unidade de capacidade vendida, mas também os custos
de qualquer capacidade não vendida.
A
conta é relativamente simples: considere uma unidade de armazenamento com 3 PB e
valor de aquisição de aproximadamente $ 20.000.00,00. Considere ainda a vida útil
do equipamento de 5 anos, e que decorrido esse prazo, o recurso deverá ser reposto.
Considere ainda que 2 PB já estejam alocados, restando 1 PB ocioso em um
período médio de 2 anos. O custo unitário de 1PB por ano será de $ 800.000,00.
O custo de entrega, por sua vez, será o custo unitário mais o custo total da
ociosidade dos recursos, ou seja, $ 800.000,00 mais $ 640.000,00 (2PB ociosos
por 2 anos). Ou seja, o custo de entrega nessa situação sai de $ 800.000 /PB
ano para $ 1.440.000 /PB ano.
Por esse cálculo pode-se
inferir a imensa vantagem de transferir recursos para nuvem de provedores qualificados.
Mas será isso mesmo?
Custo Total da Solução
O
custo de entrega de um determinado conjunto de recursos sob um determinado
esquema de preços é insuficiente para
que um cliente selecione claramente entre as alternativas, determinando seu
valor relativo.
Há
também custos de treinamento, custos de transação, custos de migração, custos
de auditoria e assim por diante. Além disso, há gastos de capital e despesas
operacionais recorrentes que podem ser relevantes.
A título de exemplo, embora o custo unitário de um determinado servidor físico virtual para
um nível de desempenho possa ser idêntico entre a TI interna ou um provedor de
serviços em nuvem, conforme argumentamos anteriormente, o preço de entrega de
um provedor de serviços pode diferir do custo unitário com base em diferenças
de utilização ou em elementos adicionais de custo estrutural.
Em outro exemplo, a infraestrutura de rede ou os custos de transporte de dados podem
aumentar o custo da solução em nuvem. No entanto, se os dados já estiverem na
nuvem ou em uma arquitetura de hospedagem híbrida envolvendo colocation, hosting e serviços em nuvem, ela poderá ser substancialmente menor
do que a solução dedicada e de propriedade da empresa.
Essa
discussão pressupõe implicitamente que esses custos são conhecidos e, portanto,
o valor pode ser determinado. Existem dois problemas: o primeiro refere-se à
inexistência de uma análise abrangente de cada elemento de custo de operações
de TI. Tentar determinar como apropriar os custos indiretos de maneira adequada
pode ser um desafio.
O
segundo problema é que determinar o custo dos serviços em nuvem ao longo de um
horizonte de planejamento para uma análise financeira, digamos, de três a cinco
anos, pressupõe que a quantidade de serviços adquiridos e seu preço podem ser
previstos com precisão. Quanto à quantidade, isso depende do perfil de uso dos
serviços. De todo modo, o uso de curvas de crescimento bem comportadas baseadas
em dados históricos parece não ser o melhor caminho.
Quanto
ao preço, é difícil prever qual será o preço da oferta na nuvem de um
provedor de serviços amanhã, muito menos daqui a três ou cinco anos. O
histórico de frequentes reduções de preços entre os principais fornecedores
ressalta essa variabilidade.
E,
para tornar as coisas ainda piores, a precificação dinâmica chegou aos serviços
em nuvem. Isso significa que alguns recursos têm preços como assentos nas
companhias aéreas, mudando várias vezes por dia.
O resultado líquido é
que a determinação do valor requer uma abordagem estocástica: uma avaliação
ponderada pela probabilidade ou ajustada pelo risco.
Custo de oportunidade e custo
evitado.
Criando
ainda mais complexidade, os benefícios associados a um curso de ação devem ser
considerados não apenas em si, mas em relação aos benefícios (e custos)
associados a outras alternativas.
O custo de
oportunidade é o custo da perda de um benefício que poderia ter sido realizado
a partir de um curso de ação diferente.
Hoje
vivemos em um mundo de escolha infinita, mas com orçamentos finitos. O dinheiro
gasto para implementar o aplicativo A significa que o aplicativo B terá que ser
colocado em segundo plano, atrasando ou eliminando quaisquer benefícios que ele
possa gerar.
O
dinheiro economizado pela limitação de investimento em infraestrutura pode ser
excedido pelo custo de oportunidade devido à demanda não atendida, geradora de
receita, ou pela redução da produtividade do trabalho. Mas isso é outro
assunto.