A Revolução Blockchain
Origem: A Revolução Blockchain: como a tecnologia por trás dos bitcoins está mudando o dinheiro,
negócios e o mundo. Don Tapscott e Alex Tapscott. Penguin Random House, New York,
2016. Blockchain Revolution: how the
technology behind bitcoins is changing money, business and the world. (Tradução
do Portal)
Voltamos ao tema sobre tecnologia
blockchain, desta feita no âmbito de uma resenha. Devo salientar que por esses
dias verifiquei algumas tendências importantes sobre o assunto nesse nosso
microcosmo brasileiro: primeiro, que há uma inevitável, quase frenética busca
por parte dos bancos de aprenderem sobre o assunto; convites para participação
de consórcios estão chegando a todos os bancos brasileiros; segundo, que há um
interesse importante por parte de agentes de tecnologia no sentido de
divulgarem, de estabelecerem uma massa crítica nacional capaz de catapultar
iniciativas e investimentos. Por exemplo, o Gatner Symposium /ITExpo ocorrido
em São Paulo recentemente distribuiu a alguns participantes um exemplar do livro hora
resenhado. Vamos a ele.
Don Tapscott, o autor do premiadíssimo Wikinomics, e seu filho, o especialista
em blockchain Alex Tapscott, nos trazem um livro com muita pesquisa, fácil de
ler e brilhantemente fundamentado sobre o futuro da economia moderna. A
Revolução Blockchain é um livro didático para líderes empresariais visando à próxima
década e além. Nas próprias palavras do autor, vale evidenciar: “Esse livro é sobre algo maior que ativos”; é
sobre o poder e o potencial embutidos nessa plataforma tecnológica”. Dan e
o filho não exploram muito os detalhes tecnológicos de implementação, parece
que abrindo possibilidades para que outros o façam. Mas o objetivo da obra não
parece ser esse: versa sobre impactos e oportunidades, e nisso é muito
competente.
Blockchain é público e como tal pode
ser programado para registrar virtualmente tudo de valor e importância para o
ser humano. Registros de nascimento e morte, certidões de casamento, registros
de imóveis, protocolos médicos e, surpreendentemente, votos, em um presságio
sobre novos tempos de transparência e responsabilização para os líderes políticos.
Aliás em relação a esse assunto, há um capítulo inteiro dedicado com a pomposa proposta
de reconstrução do governo e da democracia. Fico imaginando modelos
alternativos de política e justiça, e engajamento de cidadãos na resolução de
problemas mais complexos – quem sabe
democracia direta, sem representantes.
E sobre controle ambiental? Pense em um mundo em que as coisas poderiam
contratar diretamente a energia de que precisam e somente o necessário, e que a
própria natureza sob sua conveniência fornecesse essa energia.
Em relação aos serviços financeiros, os
autores elevam o tom: “a indústria de
serviços financeiros procura a todo custo criar marcas e privatizar tecnologias
do blockchain, referindo-se a elas como tecnologia de registro distribuída,
tentando com isso reconciliar o melhor dos bitcoins – segurança, velocidade das
transações e custo reduzido, com um sistema inteiramente regulado, fechado, que
requer permissão de uso dos bancos e instituições financeiras. ” Agora meu corolário: eles podem e têm
muito dinheiro para isso. Não entendo essa abordagem dos bancos como demérito.
Estamos falando de um ecossistema complexo de transações financeiras, que
necessita de algum tipo de regulação. A propósito, indagam os Tapscott: “que tipo de legislação, se alguma, faz
sentido nesse novo cenário”? Só para que pontuemos, na origem e agora mesmo
bitcoin é ativo especulativo, que não
interessa à maioria de nós.
Mesmo com uma tendência declinante, o nível de
concentração de riqueza em moedas digitais é enorme: os autores observam que em
2013, cerca de 937 pessoas possuíam metade de todos os bitcoins existentes.
Uma apresentação do Don completa nossa
compreensão sobre o pensamento dos autores.