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terça-feira, 11 de dezembro de 2018




Análise de Viabilidade Econômica do uso de Nuvens

Estratégia e valor

Os serviços em nuvem são merecedores de consideração somente se criarem valor para seus usuários. Muitos acreditam que o valor da nuvem pode ser simplesmente caracterizado por custos reduzidos ou maior agilidade. O termo “agilidade” é frequentemente usado em discussões sobre nuvem, mas o que realmente é e como realmente quantificá-lo nunca parece ser bem definido.
Outro fator de valor, a experiência do usuário, é o aspecto de valor esquecido nos trabalhos sobre nuvem: livros inteiros foram escritos sobre negócios na nuvem que não mencionam a experiência do cliente uma única vez.
Estimar valor é complexo. Os valores da nuvem, como redução de custos e aprimoramento da agilidade, podem ser mais ou menos relevantes dependendo da estratégia de negócio. A estratégia não é decidida no vácuo, mas é uma função das capacidades e competências relativas à concorrência e do ambiente geral, explicado por fatores macroeconômicos, crescimento regional, restrições regulatórias e legais, entre outras.

Disponibilidade

A disponibilidade de serviços de TI afeta diretamente os resultados de negócio. Os clientes não podem comprar e os usuários não podem trabalhar, a menos que os serviços e os aplicativos de que precisam, bem como a infraestrutura que os suporta estejam disponíveis.
Muitas vezes, a disponibilidade também está atrelada ao custo, porque o tempo de inatividade pode resultar em processos subtilizados, soluções manuais e penalidades de contrato de nível de serviço. A nuvem aumenta a disponibilidade de recursos e, consequentemente, dos processos de negócios. Atualmente, a maioria dos serviços baseados em nuvem é hospedada em vários sites. Se um site ficar inativo, os usuários e clientes poderão ser encaminhados e atendidos por outro site.

Existem duas dimensões principais para disponibilidade: dados (continuidade) e serviços.

A nuvem pode criar valor aprimorando a disponibilidade de dados de duas maneiras: 

(1) Os dados locais podem ser armazenados em backup na nuvem, garantindo assim que uma ou mais cópias existam mesmo se houver uma perda da cópia primária devido a um desastre, termo que designa a descontinuidade total de uma instalação de TI;
(2) Os dados na nuvem podem ser replicados em vários locais, garantindo que a nuvem também tenha backup, ou seja, a nuvem.

Já com relação à disponibilidade de serviço, entendida como a disponibilidade dos processos de negócios que fornecem serviços, incluindo os recursos que permitem esses processos de negócios, também pode ser aprimorada pela nuvem. Neste caso, fatores como arquitetura de TI do serviço, quantidade de recursos alocados, e possibilidade de rápida movimentação desses recursos para outros locais interferem de sobremodo na disponibilidade.
Cabe considerar que a existência de recursos de monitoramento e o nível de automação do processo de resolução de incidentes é um fator chave a ser analisado. Grandes instalações de TI oferecidas pelos provedores possuem recursos relevantes relacionados a esses últimos fatores. Observa-se que cláusulas contratuais são importantes no sentido de se estabelecer e nivelar expectativas, mas garantem pouco mais do que isso do ponto de vista da disponibilidade de serviços.
Uma avaliação histórica dos provedores quanto a esse aspecto será muito relevante. A possibilidade de escolha alternativa do provedor, a qualquer tempo, processo designado como de arbitragem, que leve em conta o histórico de disponibilidade é condição fundamental.

Capacidade (quantidade de recursos disponíveis)

A disponibilidade devido ao tempo de inatividade é um problema, mas a disponibilidade também pode ser afetada pela falta de capacidade.
Se um site não está respondendo, ele tem um problema de software? O datacenter está offline? Uma conexão de rede foi perdida? O site foi atingido por um ataque de negação de serviço? Ou é apenas que a capacidade é insuficiente?
Para os clientes e usuários, a razão não importa realmente - eles vão levar seus negócios para outro lugar ou repensar sua decisão de compra. A nuvem cria valor nesse caso por meio da manutenção da receita marginal associada ao serviço e da redução dos impactos negativos de imagem associados à capacidade insuficiente.

Agilidade

Há dois tipos de agilidade relacionados à TI: velocidade de provisionamento de recursos e agilidade nos processos de negócio.
Agilidade de negócios implica, de forma mais ampla, na capacidade de ajustar-se rapidamente à mudança das preferências do cliente, responder às ações dos concorrentes e aproveitar novas oportunidades de mercado. Na medida em que produtos, serviços, processos, cadeias de suprimentos e inovação são todos ligados à tecnologia da informação, a nuvem em todas as suas modalidades de entrega, infraestrutura, plataforma e software, pode gerar valor através de maior agilidade, aumentando a receita, reduzindo custos e riscos. Vejamos mais sobre os custos.

Custo unitário

Se tanto a TI interna quanto o provedor de serviços externo tiverem competências semelhantes, o custo unitário pode ser um importante diferenciador.

As vantagens do custo unitário podem ser devidas a uma variedade de causas, como economias de escala ou acesso preferencial a recursos.

Custo de entrega

O custo unitário e as economias de escala são conceitos que remontam aos primórdios da fabricação. Eles geralmente são úteis, mas um pouco enganosos quando aplicados a empresas de serviços, por razões que valem a pena considerar por um momento. Nas operações de fabricação, o conceito de custo unitário é baseado na noção de uma fábrica que está produzindo na sua capacidade máxima e é completamente dissociada da demanda sobre o produto fabricado.
Geralmente, à medida que as instalações de produção se expandem em tamanho, vários custos podem proporcionalmente aumentar (deseconomias), permanecer os mesmos ou diminuir, isto é, exibir economias de escala.

Uma questão importante, no entanto, é que a natureza da demanda não entra em cena: o custo unitário é baseado no custo total dividido pelo volume de produção na capacidade total. Se não forem vendidos, os bens produzidos são transportados para estoque, levando a custos de manutenção de estoque, que podem incluir espaço físico, armazenamento automático e sistemas de recuperação, custos de mão de obra para movimentar estoque, custos de obsolescência e custos de seguro ou ajustados ao risco de dano ou destruição.

Em um negócio de manufatura, o preço pago pelo cliente uma unidade de produção é uma função do custo unitário de produção, mais os custos de manutenção de estoques, mais componentes adicionais da estrutura de custos, como vendas, gerais e administrativas, margem, operações de financiamento e assim por diante.

Na manufatura, a produção pode ser constante, e a variação da demanda pode ser protegida com estoques durante todo o processo: estoque de matéria-prima, estoque em processo, estoque de produtos acabados, estoque no canal de distribuição. Os custos de manutenção desses estoques podem ser suportados pelo fabricante ou pelo distribuidor, mas, em última análise, são pagos pelo cliente.

Em outras palavras, o custo de entrega é parcialmente baseado nos custos de produção, que são afetados por economias de escala, e parcialmente baseados nos custos de estoque, que são afetados pelo perfil de demanda em relação à produção.

No negócio de serviços, o custo de entrega é parcialmente baseado nos custos operacionais, que são afetados por economias de escala e, em parte, em custos de capacidade não perecíveis e não utilizados, que são afetados pelo perfil de demanda em relação à capacidade operacional.

Os negócios de serviços, como a nuvem, não se importam apenas com o custo unitário. Eles devem considerar de alguma forma o impacto da variação da demanda, o fato de que a demanda pode não corresponder perfeitamente à produção. Infelizmente, a capacidade perecível não pode ser armazenada em buffer. A capacidade de realização de um serviço é perecível. Recursos são utilizados com a uma medida de tempo associada. Servidores por hora, Gigabytes por dia, e assim por diante.

Uma empresa precisa avaliar o problema comparando sua própria capacidade com a de um provedor de serviços em nuvem. Ao determinar um preço para uma unidade de capacidade, não é apenas o custo unitário que importa. Claro que o custo unitário associado a cada recurso ou serviço precisa ser considerado.

O que pode ser menos óbvio é o fato de que o preço de uma unidade de capacidade vendida deve cobrir não apenas o custo de uma unidade de capacidade vendida, mas também os custos de qualquer capacidade não vendida.

A conta é relativamente simples: considere uma unidade de armazenamento com 3 PB e valor de aquisição de aproximadamente $ 20.000.00,00. Considere ainda a vida útil do equipamento de 5 anos, e que decorrido esse prazo, o recurso deverá ser reposto. Considere ainda que 2 PB já estejam alocados, restando 1 PB ocioso em um período médio de 2 anos. O custo unitário de 1PB por ano será de $ 800.000,00. O custo de entrega, por sua vez, será o custo unitário mais o custo total da ociosidade dos recursos, ou seja, $ 800.000,00 mais $ 640.000,00 (2PB ociosos por 2 anos). Ou seja, o custo de entrega nessa situação sai de $ 800.000 /PB ano para $ 1.440.000 /PB ano.

Por esse cálculo pode-se inferir a imensa vantagem de transferir recursos para nuvem de provedores qualificados. Mas será isso mesmo?

Custo Total da Solução

O custo de entrega de um determinado conjunto de recursos sob um determinado esquema de preços é insuficiente para que um cliente selecione claramente entre as alternativas, determinando seu valor relativo.

Há também custos de treinamento, custos de transação, custos de migração, custos de auditoria e assim por diante. Além disso, há gastos de capital e despesas operacionais recorrentes que podem ser relevantes.

A título de exemplo, embora o custo unitário de um determinado servidor físico virtual para um nível de desempenho possa ser idêntico entre a TI interna ou um provedor de serviços em nuvem, conforme argumentamos anteriormente, o preço de entrega de um provedor de serviços pode diferir do custo unitário com base em diferenças de utilização ou em elementos adicionais de custo estrutural.

Em outro exemplo, a infraestrutura de rede ou os custos de transporte de dados podem aumentar o custo da solução em nuvem. No entanto, se os dados já estiverem na nuvem ou em uma arquitetura de hospedagem híbrida envolvendo colocation, hosting e serviços em nuvem, ela poderá ser substancialmente menor do que a solução dedicada e de propriedade da empresa.

Essa discussão pressupõe implicitamente que esses custos são conhecidos e, portanto, o valor pode ser determinado. Existem dois problemas: o primeiro refere-se à inexistência de uma análise abrangente de cada elemento de custo de operações de TI. Tentar determinar como apropriar os custos indiretos de maneira adequada pode ser um desafio.

O segundo problema é que determinar o custo dos serviços em nuvem ao longo de um horizonte de planejamento para uma análise financeira, digamos, de três a cinco anos, pressupõe que a quantidade de serviços adquiridos e seu preço podem ser previstos com precisão. Quanto à quantidade, isso depende do perfil de uso dos serviços. De todo modo, o uso de curvas de crescimento bem comportadas baseadas em dados históricos parece não ser o melhor caminho.

Quanto ao preço, é difícil prever qual será o preço da oferta na nuvem de um provedor de serviços amanhã, muito menos daqui a três ou cinco anos. O histórico de frequentes reduções de preços entre os principais fornecedores ressalta essa variabilidade.

E, para tornar as coisas ainda piores, a precificação dinâmica chegou aos serviços em nuvem. Isso significa que alguns recursos têm preços como assentos nas companhias aéreas, mudando várias vezes por dia.

O resultado líquido é que a determinação do valor requer uma abordagem estocástica: uma avaliação ponderada pela probabilidade ou ajustada pelo risco.

Custo de oportunidade e custo evitado.

Criando ainda mais complexidade, os benefícios associados a um curso de ação devem ser considerados não apenas em si, mas em relação aos benefícios (e custos) associados a outras alternativas.

O custo de oportunidade é o custo da perda de um benefício que poderia ter sido realizado a partir de um curso de ação diferente.

Hoje vivemos em um mundo de escolha infinita, mas com orçamentos finitos. O dinheiro gasto para implementar o aplicativo A significa que o aplicativo B terá que ser colocado em segundo plano, atrasando ou eliminando quaisquer benefícios que ele possa gerar.
O dinheiro economizado pela limitação de investimento em infraestrutura pode ser excedido pelo custo de oportunidade devido à demanda não atendida, geradora de receita, ou pela redução da produtividade do trabalho. Mas isso é outro assunto.

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